segunda-feira, 18 de maio de 2015

A HISTÓRIA DOS FESTIVAIS EM IGARAPÉ-MIRI PARTE 2 : FESTIVAL DO CAMARÃO

FESTIVAL DO CAMARÃO

No mês de Junho, período em que a pesca do Camarão se dá de forma mais intensa, e o crustáceo é encontrado de forma mais abundante, é que acontece o Festival do Camarão:



A ideia da criação de um festival em Igarapé-Miri surgiu no ano de 1979, mas precisamente no dia 1 de Março. Neste ano, funcionava em nossa cidade o Movimento de Alfabetização de Adultos - MOBRAL -, e nessa data alguns técnicos da capital visitavam esse projeto.
A Coordenadora estadual, que era a Prof. Eugenita, contou aos funcionários a experiências que outros municípios tiveram com os festivais que vinham organizando. Esses festivais tinham como características de mostrar a produção na qual o município em questão se sobressaia.
O curso do MOBRAL era coordenado pela Prof.ª Eurídice Marques, que ouvindo aquelas palavras, lembrou logo da safra do Camarão que no nosso município era muito abundante.
Após algumas discussões sobre que direção esse projeto tomaria, a Prof.ª Eurídice resolveu então levar ao conhecimento do prefeito da época que era o Sr. Raimundo Danda Lima da Costa, que gostou da ideia, e deu o apoio necessário para a realização do projeto. O Prefeito marcou logo para o mês de Junho, onde a produção e pesca do Camarão era bastante acentuada no Município.
O MOBRAL passou alguns anos realizando o projeto, mas com as constantes mudanças nos projetos educacionais brasileiros, houve a extinção do MOBRAL, o projeto foi repassado para a prefeitura, que a mais de 30 anos realiza o festival.


Festival do Camarão 2006

Após perder um pouco da essência, pois antes era realizado em praça pública e as iguarias feitas com o Camarão era muito abundante, o festival sobrevive até hoje com um dos grandes eventos culturais do município.










sábado, 16 de maio de 2015

Consola e Rui. Grandes nomes na Cultura Miriense.


MARIA DA CONSOLAÇÃO 
E RUI PUREZA


Em meados dos anos 70, Igarapé-Miri começou a ter uma produção Artística e Cultural muito grande, onde começaram a se destacar pessoas polivalentes, que possuam um grande talento para desenvolver trabalhos artísticos como: Peças teatrais, grupos de Danças, Quadrilhas Juninas entre outras.
Destacamos o Casal Maria da Consolação e Rui Pureza, como os grandes precursores do movimento artístico miriense.
No ano de 1979, o casal fundou o grupo teatral Key Kyl, que durante alguns anos trabalhou produzindo peais teatrais e jograis, os quais eram apresentados no município e também nos municípios vizinhos como: Moju, Abaetetuba e Belém.

O boi e o burro a caminho de Belém








     A paixão de Cristo














O grupo produzia comédias, Dramas, Histórias Religiosas entre outras. Algumas pessoas de nosso município tiveram o prazer de participar dessas produções como: O cantor Zé Luis, O músico Contra-Maré, Professoras Socorro Bitencurt e Telma Santos, entre outros.
Além dos trabalhos com grupos de teatro, Tia Consola, como é tratada carinhosamente pelas pessoas que com ela trabalhavam, produziu na Escola Enedina Sampaio Melo, um trabalho que até hoje no município no se viu igual: As bandas Marciais.
O desfile de 7 de Setembro promovido em Igarapé-Miri, ganhou um charme a mais, quando Consola e Rui, introduziram enredos na banda Marcial da Escola Enedina. Esses enredos fizeram com que outras Escolas seguissem os padrões estabelecidos pela Escola Enedina, e desfilassem sempre tentando superá-los na criatividade, porém, Consola sempre aparecia com uma Inovação, qual fazia com que as pessoas elegessem a Escola Enedina como Campeã do Desfile Escolar, apesar do desfile não ser uma disputa com premiação.


Consola ainda hoje configura como uma das pessoas que ainda sonha com a possibilidade de uma Cultura prospera em Igarapé-Miri, junto com Rui Pureza foram responsáveis pela organização dos desfiles da cobra do Jatuíra, dirige o Centro educacional desbrochar, e dirige com sua família o Consolart, que promove os mais variados eventos no município.




 Infelizmente no ano de 2014 o Sr. Rui Pureza faleceu, deixando um grande legado Cultural para essa terra. Deixo aqui meu respeito e admiração por ele, pedindo que nossos governantes dei o devido valor que ícones de nossa Cultura merecem.







segunda-feira, 11 de maio de 2015

JÁPPER: O Pioneiro no Carnaval Miriense


ASSOCIAÇÃO JÁPPER




Durante o período que estive cursando a licenciatura em música da Universidade Federal do Pará em Belém (1998-2002), comecei meu trabalho musical "profissional" em Igarapé-Miri. Esse trabalho foi desenvolvido na associação Jápper - Segundo relatos contidos na pagina da Associação Jápper no facebook, o surgimento desse nome se deu devido a grande ascensão do voleibol no Brasil, onde muitos jovens influenciados por esse destaque mundial começaram a praticar regularmente esse esporte nas Escolas e ruas de Igarapé-Miri. Carlos Augusto Pinheiro Corrêa, ao recordar esse momento narrou os seguintes acontecimentos: Comigo não foi diferente. Começou nos jogos internos do colégio, nas quadras de rua nos finais de semana e nos campeonatos de bairros. Em um dos campeonatos, junto com meus amigos da cidade de Igarapé-Mirí, decidimos formar um time fixo para os campeonatos que pudéssemos participar. De volta a Belém, já em minha escola, comentei com meus colegas de sala a minha ideia de formar um time e queria sugestões para o nome desse time. Escolhi 03 nomes e os levei para IG, para decidir entre os amigos qual usar. Eram eles: 1. Nuncaganhamu; 2. Somãodivaca; 3. Japerdemus. Depois da escolha o nome ficou JAPPER DEMMUS. Após a escolha do time fixo e o batismo, começamos a participar, ganhar e a criar uma pequena fama entre os jovens da época na cidade de Igarapé-Miri. É como eu me lembro do início da historia do Jápper - Juntamente com um grupo de jovens que participavam da associação esportivacomeçamos a tocar um samba após os jogos de futebol do campeonato municipal, esse samba foi ficando tão famoso, que foi batizado de Companhia do Jápper. O grupo passou a ser convidado para abrir os shows das bandas da Capital que se apresentavam em Igarapé-Miri, assim como animar os eventos mais tradicionais da cidade. Originalmente o grupo era formado por: Bidaia (bateria), Tchebo (surdo), Vadinho (tantan), Beto (Pandeiro e Vocal). Dinho Farias (Contrabaixo), Neyzinho (repique de mão) e Batistinha (teclado). Ainda participaram do grupo: Tonhão (Saxofone), Jairo Lobo (repique), Calota (repique), Nonato Paiva (pandeiro), Marquinho do Hilário (produção) entre outros...

Grupo Cia do Jápper
(Instituto Santana)





    JÁPPER NO CARNAVAL

A associação sempre participou do Carnaval Miriense: Apresentando candidatas para o Concurso rainha das rainhas do Carnaval miriense (que era realizado na casa da Cultura), montando blocos de sujo, que posteriormente passaram a ser estruturados como escola de samba, que tinha como maior destaque "a bateria" que era formada pelos sócios. 
Como a associação Jápper tinha um gruo musical, que era a Cia do Jápper, resolveram inovar o bloco. Passaram então seguir os padrões das micaretas, e inseriu no seu percurso um trio elétrico, que no nosso caso era um caminhão que na sua carroceria recebia a banda (Cia do Jápper), o equipamento de som, o gerador de energia, e o freezer onde eram vendidas as bebidas para os brincantes do bloco.

Trio Jápper (Carnaval 2001)
Acervo: Elzimar Serrão


         Os blocos carnavalescos que participavam do Carnaval eram os blocos de sujo e escolas de Samba. Após o bloco Jápper, o carnaval de Igarapé-Miri começou a mudar, e a maioria dos blocos seguiu a ideia do trio, ainda que fossem aqueles fabricados artesanalmente por nossos carpinteiros, o que ainda hoje podemos observar no período Carnavalesco na cidade. 




Bloco Jápper e Pileke
(Carnaval 2003)
Arquivo: Everaldo Lobato




segunda-feira, 4 de maio de 2015

A HISTÓRIA DOS FESTIVAIS EM IGARAPÉ-MIRI: Festival do Açaí

                             FESTIVAL DO AÇAÍ

        Igarapé-Miri é hoje considerada a Capital Mundial do Açaí, título esse conseguido por ser o maior exportador de Açaí do mundo, por isso merece uma festa que represente essa  grandiosidade. 
         O Festival do Açaí surgiu no ano de 1989, na ocasião foi criado e idealizado pelo casal Dorival e Conceição Galvão, casal que chefiava no mesmo ano o projeto de escoteiros em Igarapé-Miri, o grupo de escoteiros do mar Sarges Barros. 










Esse projeto foi idealizado pelo casal onde buscaram uma forma de ajudar as crianças e jovens de Igarapé-Miri a ter uma “ocupação”. 
O grupo de escoteiros oferecia diversos aprendizados para a comunidade: na plantação com horta doméstica, na fabricação de vassouras, na produção de placas numeradas para as casas do Município (trabalho esse feito pelos escoteiros) e nas campanhas de vacinação de crianças e animais (já que Dorival era funcionário da antiga Fundação Nacional de Saúde, e solicitava o trabalho dos jovens, para que os mesmos pudessem aprender mais um ofício). Na foto a seguir estou segurando a bandeira do grupo de escoteiros (o último na foto).


           Como o grupo era uma Organização não governamental que não tinha recursos próprios, e se mantinha com doações dos pais dos membros, resolveram criar um evento para que o referido grupo tivesse um recurso financeiro para manter-se. A FESTA DO AÇAÍ, como foi batizada pelo casal. O Festival buscou construir um padrão em sua estrutura, ele foi realizado em praça pública, aberto ao publico, com atrações folclóricas, artistas locais, desfile da Rainha do Açaí, e uma grande atração da Capital, que na oportunidade foi o cantor Nilson Chaves, que apresentava aos mirienses o sucesso “Sabor Açaí”.
               Com muitas dificuldades  para manter o grupo, no ano de 1992 o grupo de escoteiros, teve suas portas fechadas. Dorival e Conceição, ainda tentaram manter a Festa do Açaí nos padrões que acreditaram, mas o enfraquecimento do evento devido o encerramento do projeto de escoteiros, fez com que o casal disponibilizasse a Festa do Açaí para a administração da época- a do prefeito Miguel Pantoja, - que deu continuidade ao projeto, mudando o nome de Festa do Açaí, para Festival do Açaí.
            Outros governos vieram e o festival do Açaí continuou sendo realizado. Durante esses mais de 20 anos de história, a realização do evento foi conturbada. Alguns anos deixaram de realizá-lo, outros anos apenas uma simples “festa” (sem as iguarias feitas de Açaí que foram marcas registradas nos anos anteriores).
               No ano de 2007, no governo da Prefeita Dilza Pantoja, o festival do Açaí, mudou de nome mais uma vez, passando agora ser chamado: “feira de negócios do Açaí”, que buscou outros parceiros para que mostrassem suas produções dentro desse evento.




Já no ano de 2009, o Festival do Açaí na gestão do então Prefeito Roberto Pina, ganhou em sua parte Cultural, a inclusão de um desfile batizado de “O Encontro das Cobras” que conta as lendas de duas cobras encantadas da região - Rosalina, a Cobra do Jatuíra, e Sophia, a Cobra da Ponta Negra.




               Segundo Lobato (1988) são inúmeros os casos de aparecimento de cobra grande no interior do município. Entretanto, os mais vulgarmente comentados aparecem no Jatuíra e na Ponta Negra:

 [...] aconteceu um dia que um rapaz saiu para o Jatuíra em companhia de colegas, para tomar banho. Na diversão do banho, o rapaz subiu e entrou na mata à cata de caju, para fazer uma batida de agua ardente-de-cana que tinha levado. Passado o tempo, reuniram-se os colegas e notaram a falta do rapaz, que até àquela hora não havia chegado ao balneário do encontro. Saíram gritando pelo companheiro e andando por entre as matas. Só obtinham a resposta dos macacos, que guinchavam e pulavam de galho em galho [...]. Alguns mais afoitos olhavam curiosos por entre as folhagens. Os colegas continuavam chamando, as horas passavam rapidamente e nenhum sinal do rapaz. Começava a escurecer, eles calculavam ser dezoito horas e os familiares preocupados rumaram para o Jatuíra. Mas só encontraram a canoa e vestígio de quem rumou para o centro, ficando assim, perplexos com o que viam.
   Então, os colegas, nas matas, ouviam um sibilar forte vindo de determinada direção e olharam para lá. Viram o rapaz andando em círculos como se estivesse preso por uma corda a um tronco de arvore. Foram em sua direção e pegando-o pelo braço, chamaram-no. O rapaz não lhes deu a menor importância e forcejava para se ver livre dos companheiros que o segurava, e puxavam do local, para eles assombrado. Um deles já cansado viu não muito longe a roupa do amigo jogada ao chão e bem próximo a eles um vulto que foi tomando a forma assegurada de uma enorme cobra, a autora dos silvos que ouviam constantemente. Gritou com todas as forças de seus pulmões. Os companheiros largaram o rapaz e se voltaram para o local onde ele gritava e apontava para o grande ofídio. Todos paralisados pelo terror. Finalmente vencendo o medo, arrastaram o rapaz pelo braço e correram em direção à margem do Jatuíra, que ficava não muito longe, deixando para trás a cobra grande (LOBATO, 1988, p. 26-27).

Cobra do jatuíra 2009
                   Outra lenda que povoa o imaginário local é a lenda da Boiúna da Ponta Negra:

[...] determinada noite, quando a lancha Santana viajava para a sede do Município, com diversas pessoas que acompanhavam o cadáver de uma mulher do rio Maiauatá, e passava próximo a Ponta Negra, o piloto viu o luar refletir-se na água, mostrando claramente que não existia qualquer sinal que comprovasse a existência de entulho no rio. De repente, avistou um volume com as características de um grande rolo de madeira ou miritizeiro flutuando em frente à embarcação.
O piloto muito ágil procurou desviar a lancha. Entretanto, o volume acompanhou e o piloto deu o sinal de campa ao maquinista, solicitando maior força e atenção, o que foi atendido. Então reconheceram ser uma cobra grande, que acompanhou a lancha até ultrapassar cerca de dois estirões deixando grande volume d’agua que parecia uma pororoca. Os acompanhantes ficaram apavorados e quase a lancha vai ao fundo. (LOBATO, 1988. p. 25).

Cobra da Ponta Negra 2009