FESTIVAL
DO AÇAÍ
Igarapé-Miri
é hoje considerada a Capital Mundial do Açaí, título esse conseguido por ser o
maior exportador de Açaí do mundo, por isso merece uma festa que represente
essa grandiosidade.
O Festival do Açaí surgiu no ano de 1989, na ocasião foi criado e
idealizado pelo casal Dorival e Conceição Galvão, casal que chefiava no mesmo
ano o projeto de escoteiros em Igarapé-Miri, o grupo de escoteiros do mar
Sarges Barros.
Esse
projeto foi idealizado pelo casal onde buscaram uma forma de ajudar as crianças
e jovens de Igarapé-Miri a ter uma “ocupação”.
O
grupo de escoteiros oferecia diversos aprendizados para a comunidade: na
plantação com horta doméstica, na fabricação de vassouras, na produção de
placas numeradas para as casas do Município (trabalho esse feito pelos
escoteiros) e nas campanhas de vacinação de crianças e animais (já que Dorival
era funcionário da antiga Fundação Nacional de Saúde, e solicitava o trabalho
dos jovens, para que os mesmos pudessem aprender mais um ofício). Na foto a
seguir estou segurando a bandeira do grupo de escoteiros (o último na foto).
Como
o grupo era uma Organização não governamental que não tinha recursos próprios,
e se mantinha com doações dos pais dos membros, resolveram criar um evento para
que o referido grupo tivesse um recurso financeiro para manter-se. A FESTA DO AÇAÍ, como foi batizada pelo casal. O
Festival buscou construir um padrão em sua estrutura, ele foi realizado em
praça pública, aberto ao publico, com atrações folclóricas, artistas locais,
desfile da Rainha do Açaí, e uma grande atração da Capital, que na oportunidade
foi o cantor Nilson Chaves, que apresentava aos mirienses o sucesso “Sabor
Açaí”.
Com muitas dificuldades para manter o
grupo, no ano de 1992 o grupo de escoteiros, teve suas portas fechadas. Dorival
e Conceição, ainda tentaram manter a Festa do Açaí nos padrões que acreditaram,
mas o enfraquecimento do evento devido o encerramento do projeto de escoteiros,
fez com que o casal disponibilizasse a Festa do Açaí para a administração da
época- a do prefeito Miguel Pantoja, - que deu continuidade ao projeto, mudando
o nome de Festa do Açaí, para Festival do Açaí.
Outros governos vieram e
o festival do Açaí continuou sendo realizado. Durante esses mais de 20 anos de
história, a realização do evento foi conturbada. Alguns anos deixaram de
realizá-lo, outros anos apenas uma simples “festa” (sem as iguarias feitas de
Açaí que foram marcas registradas nos anos anteriores).
No ano de 2007, no governo da Prefeita Dilza Pantoja, o festival do Açaí,
mudou de nome mais uma vez, passando agora ser chamado: “feira de negócios do
Açaí”, que buscou outros parceiros para que mostrassem suas produções dentro
desse evento.
Já no ano de 2009, o Festival do Açaí na gestão do então Prefeito
Roberto Pina, ganhou em sua parte Cultural, a inclusão de um desfile batizado
de “O Encontro das Cobras” que conta as lendas de duas cobras encantadas da região - Rosalina, a Cobra do Jatuíra, e Sophia, a Cobra da Ponta Negra.
Segundo Lobato (1988) são inúmeros os casos de aparecimento de cobra
grande no interior do município. Entretanto, os mais vulgarmente comentados
aparecem no Jatuíra e na Ponta Negra:
[...] aconteceu um dia que um rapaz saiu para o Jatuíra em companhia de
colegas, para tomar banho. Na diversão do banho, o rapaz subiu e entrou na mata
à cata de caju, para fazer uma batida de agua ardente-de-cana que tinha levado.
Passado o tempo, reuniram-se os colegas e notaram a falta do rapaz, que até
àquela hora não havia chegado ao balneário do encontro. Saíram gritando pelo
companheiro e andando por entre as matas. Só obtinham a resposta dos macacos,
que guinchavam e pulavam de galho em galho [...]. Alguns mais afoitos olhavam
curiosos por entre as folhagens. Os colegas continuavam chamando, as horas
passavam rapidamente e nenhum sinal do rapaz. Começava a escurecer, eles
calculavam ser dezoito horas e os familiares preocupados rumaram para o Jatuíra.
Mas só encontraram a canoa e vestígio de quem rumou para o centro, ficando
assim, perplexos com o que viam.
Então, os colegas, nas
matas, ouviam um sibilar forte vindo de determinada direção e olharam para lá.
Viram o rapaz andando em círculos como se estivesse preso por uma corda a um
tronco de arvore. Foram em sua direção e pegando-o pelo braço, chamaram-no. O
rapaz não lhes deu a menor importância e forcejava para se ver livre dos
companheiros que o segurava, e puxavam do local, para eles assombrado. Um deles
já cansado viu não muito longe a roupa do amigo jogada ao chão e bem próximo a
eles um vulto que foi tomando a forma assegurada de uma enorme cobra, a autora
dos silvos que ouviam constantemente. Gritou com todas as forças de seus
pulmões. Os companheiros largaram o rapaz e se voltaram para o local onde ele
gritava e apontava para o grande ofídio. Todos paralisados pelo terror.
Finalmente vencendo o medo, arrastaram o rapaz pelo braço e correram em direção
à margem do Jatuíra, que ficava não muito longe, deixando para trás a cobra
grande (LOBATO, 1988, p. 26-27).
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Cobra do jatuíra 2009 |
Outra lenda que povoa o imaginário local é a lenda da Boiúna da Ponta
Negra:
[...] determinada noite, quando a lancha Santana viajava para a sede do
Município, com diversas pessoas que acompanhavam o cadáver de uma mulher do rio
Maiauatá, e passava próximo a Ponta Negra, o piloto viu o luar refletir-se na
água, mostrando claramente que não existia qualquer sinal que comprovasse a
existência de entulho no rio. De repente, avistou um volume com as
características de um grande rolo de madeira ou miritizeiro flutuando em frente
à embarcação.
O piloto muito ágil procurou desviar a lancha. Entretanto, o volume
acompanhou e o piloto deu o sinal de campa ao maquinista, solicitando maior
força e atenção, o que foi atendido. Então reconheceram ser uma cobra grande,
que acompanhou a lancha até ultrapassar cerca de dois estirões deixando grande
volume d’agua que parecia uma pororoca. Os acompanhantes ficaram apavorados e
quase a lancha vai ao fundo. (LOBATO, 1988. p. 25).
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Cobra da Ponta Negra 2009 |