PINDUCA: NOSSO ILUSTRE REPRESENTANTE
Aurino Quirino Gonçalves (Pinduca)
Nascido em
Igarapé-Miri no dia 04 de Junho de 1937, filho do Sr. José Plácido Gonçalves e Luzia Tereza de Oliveira Gonçalves.
Noca, como era
chamado antes da fama, viveu sua infância e adolescência em Igarapé-Miri onde
estudou o curso primário, já nessa época era chamado a representar nas peças de
teatro da escola, onde em uma delas se destacou por cantar uma música chamada “Qual o valor da Sanfona”- música
de estilo sertanejo de muito sucesso na época – e desde então sempre mostrou
uma afinidade musical particular.
Segundo Soares 2001:
Não dá pra esquecer suas tardes no Miri
quando a rádio difusora de seu Antonico Lobato entrava no ar. Noca era presença
marcante com seus instrumentos: pandeiros e chocalhos acompanhavam as músicas
que tocavam no autofalante, sem se importar com as pessoas que passavam e até
paravam para admirar aquele garoto esperto e desinibido que dava seu show para
quem quisesse assistir ou simplesmente para ele próprio (SOARES, p.239)
Aos 14 anos começou tocar pandeiro, e
logo, a convite do irmão Pío Gonçalves passou a tocar no Jazz Igarapé-Miri
batendo chocalho (um instrumento artesanal feito com uma tabuinha em forma de
remo, com fichas de refrigerantes abertas e pregadas para dar um efeito
sonoro), participando então dos grupos musicais que se seguiram em Igarapé-Miri, seguindo os passos do pai José Plácido Gonçalves.
Certo dia durante as comemorações da Festa de Nossa Senhora do Rosário, na Vila de Maiauatá tocando a alvorada que abria os festejos às 5 horas da manhã no coreto da praça - nessa época os conjuntos musicais tocavam apenas instrumentos acústicos, com todos os músicos sentados ao redor do cantor, que também cantava sem microfone- durante a apresentação ele levantou-se e começou a dançar, enquanto tocava suas Maracas. Todos se aproximaram para ver a novidade, e a exibição foi um enorme sucesso. Desde cedo Aurino já mostrava seus dotes artisticos, onde a performance sempre esteve presente.
Pinduca formou sua própria banda
em 1957, nesse mesmo período o cantor estava organizando a decoração dos
chapéus de palha que seriam utilizados na apresentação de uma quadrilha de
festa junina, colocando neles, nomes caipiras, como: Tio Bené, Nhô Zé, entre
outros. Depois que Aurino Quirino escolheu o chapéu para si com o nome de
Pinduca foi um verdadeiro batismo e a partir daquele dia Aurino ou Noca passou
a ser Pinduca.
Seu primeiro disco batizado
Carimbó e Siriá do Pinduca, foi gravado em 1973 e vendeu 15.000 cópias, com alcance
na Bahia e em Manaus, aí começava o sucesso de vendas que Pinduca tornara-se,
em todo país.
Pinduca foi responsável por algumas
composições em que relata acontecimentos do cotidiano de Igarapé-Miri, assim
como sobre a história do Município, entre elas podemos citar O frevo de
Igarapé-Miri:
O Frevo de Igarapé-Miri
(Pinduca)
Caminho de
Canoa Pequena
Em tupi
Guarani
É a minha
terra amada Igarapé-Miri
No Pará é
o braço forte
Aqui no
Norte é povo Varonil
Já deu
Barão até Baronesa
E sua
alteza muito fez pelo Brasil
Agora
estou aqui
Para
cantar o frevo de Igarapé-Miri
Agora
estou aqui
Para
cantar o frevo de Igarapé-Miri.
E em homenagem a seus pais José Plácido e
Luzia Tereza, Pinduca compôs um dos maiores sucessos de sua carreira: “A bença
Tia Luzia, A bença Tio José”, que faz referencia ao tradicional café da tarde
servido todos os dias na casa de seus pais na Praça da Prefeitura de
Igarapé-Miri, além da Composição Igarapé-Miri Capital Mundial do Açaí:
Tia Luzia, Tio José
(Pinduca)
A bença
Tia Luzia, a bença Tio José
Minha mãe
mandou buscar um pouquinho de café
A coruja
cantou no galho da laranjeira
Quem
quiser tomar café
Vai falar
com a cozinheira.
Igarapé-Miri Capital Mundial do Açaí
(Pinduca)
Venha
comigo conhecer Igarapé-Miri
A Capital
Mundial do Açaí
Na Vila
Maiauatá (tem Açaí)
No Cají no
Meruu (também tem Açaí)
Na festa
da Boa União (você toma Açaí)
No Icatú e
Panacauera (tem muito Açaí)
Tem Açaí
pra todo lado
Tem o
festival do Açaí
Anapú e
Pindobal têm pesca de Mapará
É só
saborear com uma cuia de Açaí
No
Mamangal e no riozinho
Tem polo
exportação de Açaí
A Rainha
do Festival, bela moça do lugar.
Representa
o Açaí no Estado do Pará
REFERÊNCIAS
SOARES, Crisálida
Pantoja & LOBATO, Cesarina Corrêa. Prismas sobre Educação e Cultura em
Igarapé-Miri no século XX. Imprensa Oficial do Estado do Pará 2001.
MORAES, Patrich
Depailler Ferreira. O Feitiço Caboclo de Dona Onete: Um
olhar Etnomusicológico sobre a trajetória do Carimbó Chamegado, de Igarapé-Miri
a Belém. Dissertação (Mestrado) –
Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências das Artes, Programa de
Pós-Graduação em Artes, 2014.