sexta-feira, 5 de junho de 2015

PINDUCA: NOSSO ILUSTRE REPRESENTANTE

PINDUCA: NOSSO ILUSTRE REPRESENTANTE







Aurino Quirino Gonçalves (Pinduca)
            Nascido em Igarapé-Miri no dia 04 de Junho de 1937, filho do Sr. José Plácido Gonçalves  e Luzia Tereza de Oliveira Gonçalves.
         Noca, como era chamado antes da fama, viveu sua infância e adolescência em Igarapé-Miri onde estudou o curso primário, já nessa época era chamado a representar nas peças de teatro da escola, onde em uma delas se destacou por cantar uma música chamada “Qual o valor da Sanfona”- música de estilo sertanejo de muito sucesso na época – e desde então sempre mostrou uma afinidade musical particular.

            Segundo Soares 2001:

Não dá pra esquecer suas tardes no Miri quando a rádio difusora de seu Antonico Lobato entrava no ar. Noca era presença marcante com seus instrumentos: pandeiros e chocalhos acompanhavam as músicas que tocavam no autofalante, sem se importar com as pessoas que passavam e até paravam para admirar aquele garoto esperto e desinibido que dava seu show para quem quisesse assistir ou simplesmente para ele próprio (SOARES, p.239)


Aos 14 anos começou tocar pandeiro, e logo, a convite do irmão Pío Gonçalves passou a tocar no Jazz Igarapé-Miri batendo chocalho (um instrumento artesanal feito com uma tabuinha em forma de remo, com fichas de refrigerantes abertas e pregadas para dar um efeito sonoro), participando então dos grupos musicais que se seguiram em Igarapé-Miri, seguindo os passos do pai José Plácido Gonçalves.
Certo dia durante as comemorações da Festa de Nossa Senhora do Rosário, na Vila de Maiauatá tocando a alvorada que abria os festejos às 5 horas da manhã no coreto da praça - nessa época os conjuntos musicais tocavam apenas instrumentos acústicos, com todos os músicos sentados ao redor do cantor, que também cantava sem microfone- durante a apresentação ele levantou-se e começou a dançar, enquanto tocava suas Maracas. Todos se aproximaram para ver a novidade, e a exibição foi um enorme sucesso. Desde cedo Aurino já mostrava seus dotes artisticos, onde a performance sempre esteve presente.
              Pinduca formou sua própria banda em 1957, nesse mesmo período o cantor estava organizando a decoração dos chapéus de palha que seriam utilizados na apresentação de uma quadrilha de festa junina, colocando neles, nomes caipiras, como: Tio Bené, Nhô Zé, entre outros. Depois que Aurino Quirino escolheu o chapéu para si com o nome de Pinduca foi um verdadeiro batismo e a partir daquele dia Aurino ou Noca passou a ser Pinduca.


Seu primeiro disco batizado Carimbó e Siriá do Pinduca, foi gravado em 1973 e vendeu 15.000 cópias, com alcance na Bahia e em Manaus, aí começava o sucesso de vendas que Pinduca tornara-se, em todo país.


Pinduca foi responsável por algumas composições em que relata acontecimentos do cotidiano de Igarapé-Miri, assim como sobre a história do Município, entre elas podemos citar O frevo de Igarapé-Miri:

O Frevo de Igarapé-Miri
(Pinduca)

Caminho de Canoa Pequena
Em tupi Guarani
É a minha terra amada Igarapé-Miri

No Pará é o braço forte
Aqui no Norte é povo Varonil
Já deu Barão até Baronesa
E sua alteza muito fez pelo Brasil

Agora estou aqui
Para cantar o frevo de Igarapé-Miri
Agora estou aqui
Para cantar o frevo de Igarapé-Miri.

E em homenagem a seus pais José Plácido e Luzia Tereza, Pinduca compôs um dos maiores sucessos de sua carreira: “A bença Tia Luzia, A bença Tio José”, que faz referencia ao tradicional café da tarde servido todos os dias na casa de seus pais na Praça da Prefeitura de Igarapé-Miri, além da Composição Igarapé-Miri Capital Mundial do Açaí:

Tia Luzia, Tio José
(Pinduca)

A bença Tia Luzia, a bença Tio José
Minha mãe mandou buscar um pouquinho de café

A coruja cantou no galho da laranjeira
Quem quiser tomar café
Vai falar com a cozinheira.

        
Igarapé-Miri Capital Mundial do Açaí
(Pinduca)

Venha comigo conhecer Igarapé-Miri
A Capital Mundial do Açaí

Na Vila Maiauatá (tem Açaí)
No Cají no Meruu (também tem Açaí)
Na festa da Boa União (você toma Açaí)
No Icatú e Panacauera (tem muito Açaí)

Tem Açaí pra todo lado
Tem o festival do Açaí
Anapú e Pindobal têm pesca de Mapará
É só saborear com uma cuia de Açaí

No Mamangal e no riozinho
Tem polo exportação de Açaí
A Rainha do Festival, bela moça do lugar.
Representa o Açaí no Estado do Pará




















REFERÊNCIAS

SOARES, Crisálida Pantoja & LOBATO, Cesarina Corrêa. Prismas sobre Educação e Cultura em Igarapé-Miri no século XX. Imprensa Oficial do Estado do Pará 2001.

  
MORAES, Patrich Depailler Ferreira. O Feitiço Caboclo de Dona Onete: Um olhar Etnomusicológico sobre a trajetória do Carimbó Chamegado, de Igarapé-Miri a Belém.  Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências das Artes, Programa de Pós-Graduação em Artes, 2014.

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