terça-feira, 3 de novembro de 2015

ORQUESTRA "AÇAÍ JAZZ BAND"


                             No ano de 2007 um grupo de músicos mirienses, entre eles Edvaldo Jr. ( o Junior da Viola), Laelson Machado (trompete), Mauricio Brito (trombone) e Raimundo Lobato, o Ray (saxofone) estavam cursando o técnico em música no Conservatório Carlos Gomes, quando se depararam com apresentações de duas das mais importantes orquestras da Capital: A Amazônia Jazz Band e a Sam Band (Orquestra da Escola de música da UFPA).
               
              Vislumbraram então, a possibilidade de construir em Igarapé-Miri uma orquestra do mesmo nível das já citadas. Em Igarapé-Miri, músicos foram convidados a participar desse sonho. inicialmente a maioria deles pertencia a Igreja Assembleia de Deus. Logo o repertório inicial foi composto de temas instrumentais e hinos da igreja.





                       Durante esse período, assumia a Casa da Cultura como Secretária Municipal, a senhora Eliana Borges, a qual convidou os músicos a apresentarem-se no referido espaço cultural da cidade. A primeira apresentação foi um grande sucesso. Porém o grupo de jovens sentiu a necessidade de alcançar o grande público, com isso resolveu acrescentar em seu repertório grandes sucessos da música, tanto nacional como internacional, fazendo apresentações ecléticas com temas que vão do Rock in roll ao Carimbó.
                  Com isso a orquestra, que foi batizada com um nome muito popular em nossa cidade que é o Açaí, foi convidada a se apresentar nos mais diversos espaços e eventos como Casamentos, formaturas, shows culturais, festivais entre outros.
                    Como uma de suas grandes façanhas, registra-se a apresentação no teatro Waldemar Henrique, que foi intermediada também pela Secretária Eliana Borges:

[...] a dona Eliana foi, e ainda é hoje a maior incentivadora do nosso trabalho, sempre nos deu "muitas" oportunidades (Josiney Martins - Percussionista - Novembro de 2015)

Teatro Waldemar Henrique


                       Destacamos a passagem de vários músicos mirienses na Açaí Jazz, onde destacamos: Toninho Gonçalves (Saxofone) que por algum tempo assumiu a regência e os arranjos da orquestra, o senhor Isaías (Maestro da Banda de Santana), Pedro Junior (Trombone), Gonzaga (Saxofone), Frank  Melo (Teclado), Del Farias (Guitarra), Josué - Juca (Trombone/bateria), Joel Maia (Guitarra), Max Pinheiro (Guitarra), Jairo Monteiro entre outros.

                  Atualmente a Orquestra encontra-se com suas atividades a todo vapor, regida por um de seus fundadores o Prof. Laelson Machado, continuam a apresentar-se nos principais eventos do Município






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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

João Gonçalves e os Populares de Igarapé-Miri

Os Populares de Igarapé-Miri



A Banda Os populares de Igarapé-Miri, foi uma banda da década de 70 que buscou juntar os músicos que surgiam no Município. Sobre o comando de João Gonçalves, a banda fez sua primeira aparição na barraca de Nossa Senhora Santana, Igarapé-Miri, durante a Festividade de Santana. Apresentavam uma fusão de ritmos muito dançantes como o Carimbó, Merengue, Cúmbia, e Boleros.
A banda, que logo virou um sucesso na região, foi contratada para tocar nos bailes do Clube Os Milionários em Belém. Lá, foi convidada pelo jornalista e apresentador Paulo Ronaldo para gravar um LP com os vencedores do programa de calouros “Show dos bairros”. O primeiro sucesso foi "A Lambada da Vassoura", em 1971. Depois vieram: "Lambada da Sereia" e "Carimbó do Peixe-Boi", lançados num compacto por uma gravadora paulista. Surgiu então o convite para o primeiro Lp, "Lambadas Incrementadas", que trouxe o hit "Lambada do Tibúrcio", estourado nas festas do Norte e Nordeste do País.





Seguindo uma tendência dessa época, A banda Os populares gravou em seus lp’s composições de músicos mirienses que retratavam um pouco de suas historias nessas letras. Um dos grandes sucessos da Banda foi à música Menino do Interior de João Gonçalves:


Menino do Interior
(João Gonçalves)

Eu era menino do Interior
O meu maior sonho era ser cantor
Estava guardado no meu coração
Música pra mim era a grande paixão

Trabalhei de tudo fui carregador
Hoje sou artista Deus que me ajudou

Larguei meu emprego parei de estudar
Logo que cresci aprendi a tocar

Hoje sou que sou e posso provar
Sou compositor aqui do Pará


João Gonçalves ainda hoje divulga a Cultura do município com a guitarrada, no ano de 2009 lança o Cd João Gonçalves & os populares de Igarapé-Miri, participando também da Mostra Terruá Pará em 2013.



quinta-feira, 30 de julho de 2015

Paulo Gonçalves - PIM

Paulo Gonçalves 

(Pim) 



Natural da cidade de Igarapé-Miri, nascido em 29 de junho de 1942, filho do Sr. José Plácido Gonçalves e Luzia Tereza de Oliveira Gonçalves, é mais um dos membros dessa extensa família de músicos de Igarapé-Miri.
Pim começou sua carreira como um dos cantores do Grupo da Pesada, uma Banda de Show Baile que tocava os principais eventos de Belém chegando a gravar no ano de 1975 o vinil Explosão do Carimbó, estilo que se destacava nas apresentações do Grupo. Cantou também na Banda do Pinduca no período de 1977 a 1979. Nesse momento a gravadora Continental que já gravara antes o disco do cantor Pinduca, precisava de outro artista no mercado que pudesse também gravar musicas regionais para fortalecer o mercado. Pim gravou o disco Explosão do Carimbó com o Grupo da Pesada pela continental, mas logo rumou pra a carreira solo.


1º disco gravado por Pim com O Grupo da Pesada

Pim montou sua própria banda em 1979 e gravou mais de 10 vinis, apresentando-se em programas de televisão como Programa do Chacrinha (Rede Globo) Programa Thel Marques (Bandeirantes), Programa Carlos Aguiar (Bandeirantes), Programa Sr. Brasil de Rolandro Boldrin (TVE-Brasil), Programa Urapuã Lima (Tv Cidade –Ce), Programa Terral de Il Nogueira (TV Cidade –Ce); e os grandes shows como o no Estádio Vivaldo Lima em Manaus (Nesse show Pim se apresentou com outros artistas paraenses e cantou um dos grandes sucessos de sua carreira “O Melô do Padilha” que fazia alusão a um dos personagens de Jô Soares, que utilizava como bordão “Padilha, vai pra tua casa”.) com público superior a 20 mil pessoas, além do shows na cidade de Santa Maria na Bolívia, e em Praça Pública na Colômbia.

Alguns discos gravados por PIM:









Alguns trechos de uma matéria escrita pelo Portal Cultura com o cantor Pim:

O Pará ficou pequeno para a fama. Em pouco tempo, Pim teve que se mudar para Fortaleza. O Ceará era o Estado onde o cantor mais realizava shows. “No auge da minha carreira, eu fui para fortaleza. E isso foi o que mais me marcou. Nunca pensei em sair de Belém. Na verdade tudo aconteceu muito rápido. Em pouco tempo eu já fazia sucesso no país inteiro. Conheço todo Brasil, com exceção de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Com o passar dos anos, todo o sucesso construído começou a entrar em decadência. Sem realizar trabalhos na capital cearense, Pim decide voltar para sua terra natal, para cuidar dos pais e refazer a vida. “É muito ruim ficar afastado. Não desejo isso para nenhum artista. Mas quem dirige a nossa vida é Deus. Tudo acontece de acordo com Ele. Eu queria muito voltar para Igarapé-Miri para encontrar meus pais e meus avós vivos, e assim cuidar deles, juntamente com os meus irmãos. Papai morreu com 104 anos e a mamãe com 95 anos”, explicou.
Após quase 20 anos longe dos palcos, o cantor paraense sofre uma nova revira-volta na vida. Sem saber, o sobrinho, que hoje é violonista da banda, o inscreve no Mostra Terruá Pará 2013. Foi uma surpresa para Pim, pois acabou sendo selecionado. “O professor Patrich, me inscreveu no Terruá Pará de 2013. Eu nem sabia, quando eu vi já estava lá o meu nome selecionado. Fiquei surpreso, afinal não estava com o mesmo ritmo de antes. Então corremos para ensaiar”.
Contudo, pouco antes da apresentação no evento, um fato ocorreu. Diante do imprevisto, uma dúvida se iria fazer o show, ou não. “No Terruá aconteceu uma tristeza na nossa família. Infelizmente, a filha do Pinduca acabou falecendo. E eu fiquei abatido com isso. Não queria fazer o show. Quando o Pinduca soube disso, ele me chamou e disse: olha Pim, essa é a nossa profissão. Pode fazer o show. E mesmo abatido, eu fui. Mas o meu pensamento estava todo voltado para o que a família estava passando”.







Pim foi responsável por vários sucessos que ainda hoje aparecem como repertório da música paraense como: O Xote do Papagaio (regravado pela cantora Lucinha Bastos), os 25 Bichos, Melô do Padilha, Chupa - Chupa, Fábrica de Sabão, Dança original, A moda já pegou entre outras.
Registra-se também parcerias com a Prof. Ionete como na música Banho de Cheiro:


Banho de cheiro
(Pim e Ionete)
Cheiro caboclo a minha terra dá
Banho de cheiro pra você se perfumar
Com muito amor chegamos aqui
Trazendo banho de cheiro
Lá de Igarapé-Miri

Banho de Cheiro
É cheiroso e perfumado
Nos cabelos da morena com o cheiro do Pará

Tem Alecrim, Paticholim, tem Pau de Angola.
Manjericão, pataqueira e Curimbó
Orisa, cravo tem majerona, pau de angola
E a gostosa viola tocando melhor

E na composição A Farinhada:

Farinhada
(Pim e Ionete)
Para minha farinhada,
Gente eu mandei convidar
Todo o norte e nordeste
Que agora eu vou chamar

Meus amigos da Bahia
Vem mexer o Tipiti
Meus amigos da Paraíba
Vem mexer o Tipiti
E se entende de farinha
Venham “peneirar aqui”



De 2013 até hoje, Pim vem realizando shows em algumas cidades. Não é uma rotina tão intensa quanto antes, mas já pensa em um novo trabalho, agora com uma banda reformulada, cujas raízes são totalmente mirienses. “Minha cidade é repleta de grandes talentos. Igarapé-Miri é um celeiro de músicos. Todos da minha banda são de lá. A partir do momento em que eu fui para o evangelho, é Deus quem rege a minha vida. E se tudo der certo vamos retomar o trabalho. A gente já está pensando como vamos fazer, dependendo do que aconteça, vamos bolar novas músicas para podermos lançar no mercado”.






sexta-feira, 5 de junho de 2015

PINDUCA: NOSSO ILUSTRE REPRESENTANTE

PINDUCA: NOSSO ILUSTRE REPRESENTANTE







Aurino Quirino Gonçalves (Pinduca)
            Nascido em Igarapé-Miri no dia 04 de Junho de 1937, filho do Sr. José Plácido Gonçalves  e Luzia Tereza de Oliveira Gonçalves.
         Noca, como era chamado antes da fama, viveu sua infância e adolescência em Igarapé-Miri onde estudou o curso primário, já nessa época era chamado a representar nas peças de teatro da escola, onde em uma delas se destacou por cantar uma música chamada “Qual o valor da Sanfona”- música de estilo sertanejo de muito sucesso na época – e desde então sempre mostrou uma afinidade musical particular.

            Segundo Soares 2001:

Não dá pra esquecer suas tardes no Miri quando a rádio difusora de seu Antonico Lobato entrava no ar. Noca era presença marcante com seus instrumentos: pandeiros e chocalhos acompanhavam as músicas que tocavam no autofalante, sem se importar com as pessoas que passavam e até paravam para admirar aquele garoto esperto e desinibido que dava seu show para quem quisesse assistir ou simplesmente para ele próprio (SOARES, p.239)


Aos 14 anos começou tocar pandeiro, e logo, a convite do irmão Pío Gonçalves passou a tocar no Jazz Igarapé-Miri batendo chocalho (um instrumento artesanal feito com uma tabuinha em forma de remo, com fichas de refrigerantes abertas e pregadas para dar um efeito sonoro), participando então dos grupos musicais que se seguiram em Igarapé-Miri, seguindo os passos do pai José Plácido Gonçalves.
Certo dia durante as comemorações da Festa de Nossa Senhora do Rosário, na Vila de Maiauatá tocando a alvorada que abria os festejos às 5 horas da manhã no coreto da praça - nessa época os conjuntos musicais tocavam apenas instrumentos acústicos, com todos os músicos sentados ao redor do cantor, que também cantava sem microfone- durante a apresentação ele levantou-se e começou a dançar, enquanto tocava suas Maracas. Todos se aproximaram para ver a novidade, e a exibição foi um enorme sucesso. Desde cedo Aurino já mostrava seus dotes artisticos, onde a performance sempre esteve presente.
              Pinduca formou sua própria banda em 1957, nesse mesmo período o cantor estava organizando a decoração dos chapéus de palha que seriam utilizados na apresentação de uma quadrilha de festa junina, colocando neles, nomes caipiras, como: Tio Bené, Nhô Zé, entre outros. Depois que Aurino Quirino escolheu o chapéu para si com o nome de Pinduca foi um verdadeiro batismo e a partir daquele dia Aurino ou Noca passou a ser Pinduca.


Seu primeiro disco batizado Carimbó e Siriá do Pinduca, foi gravado em 1973 e vendeu 15.000 cópias, com alcance na Bahia e em Manaus, aí começava o sucesso de vendas que Pinduca tornara-se, em todo país.


Pinduca foi responsável por algumas composições em que relata acontecimentos do cotidiano de Igarapé-Miri, assim como sobre a história do Município, entre elas podemos citar O frevo de Igarapé-Miri:

O Frevo de Igarapé-Miri
(Pinduca)

Caminho de Canoa Pequena
Em tupi Guarani
É a minha terra amada Igarapé-Miri

No Pará é o braço forte
Aqui no Norte é povo Varonil
Já deu Barão até Baronesa
E sua alteza muito fez pelo Brasil

Agora estou aqui
Para cantar o frevo de Igarapé-Miri
Agora estou aqui
Para cantar o frevo de Igarapé-Miri.

E em homenagem a seus pais José Plácido e Luzia Tereza, Pinduca compôs um dos maiores sucessos de sua carreira: “A bença Tia Luzia, A bença Tio José”, que faz referencia ao tradicional café da tarde servido todos os dias na casa de seus pais na Praça da Prefeitura de Igarapé-Miri, além da Composição Igarapé-Miri Capital Mundial do Açaí:

Tia Luzia, Tio José
(Pinduca)

A bença Tia Luzia, a bença Tio José
Minha mãe mandou buscar um pouquinho de café

A coruja cantou no galho da laranjeira
Quem quiser tomar café
Vai falar com a cozinheira.

        
Igarapé-Miri Capital Mundial do Açaí
(Pinduca)

Venha comigo conhecer Igarapé-Miri
A Capital Mundial do Açaí

Na Vila Maiauatá (tem Açaí)
No Cají no Meruu (também tem Açaí)
Na festa da Boa União (você toma Açaí)
No Icatú e Panacauera (tem muito Açaí)

Tem Açaí pra todo lado
Tem o festival do Açaí
Anapú e Pindobal têm pesca de Mapará
É só saborear com uma cuia de Açaí

No Mamangal e no riozinho
Tem polo exportação de Açaí
A Rainha do Festival, bela moça do lugar.
Representa o Açaí no Estado do Pará




















REFERÊNCIAS

SOARES, Crisálida Pantoja & LOBATO, Cesarina Corrêa. Prismas sobre Educação e Cultura em Igarapé-Miri no século XX. Imprensa Oficial do Estado do Pará 2001.

  
MORAES, Patrich Depailler Ferreira. O Feitiço Caboclo de Dona Onete: Um olhar Etnomusicológico sobre a trajetória do Carimbó Chamegado, de Igarapé-Miri a Belém.  Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências das Artes, Programa de Pós-Graduação em Artes, 2014.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

EURÍDICE MARQUES: A PÉROLA NEGRA DO TOCANTINS



EURÍDICE MARQUES: A PÉROLA NEGRA DO TOCANTINS





A professora Eurídice Marques de Sousa nasceu no Município de Igarapé-Miri no dia 10 de Dezembro de 1917 filha de Manoel Luiz Marques e Lídia Soares Marques. Eurídice foi Professora, folclorista, musicista, escritora, compositora, e grande incentivadora dos movimentos culturais do município. Começou seu trabalho no município de Igarapé-Miri com grupos teatrais que saiam nas casas para apresentar-se em períodos específicos do ano. Esses grupos cantavam músicas composta por ela e utilizavam textos também sob sua produção.
Seu trabalho cultural/musical inicia-se com a criação da festividade de Santo Antônio dos Inocentes, venerado em sua residência no mês de junho, a festividade de Santa Maria da Boa Esperança, nas quais rezava/cantava as novenas, acompanhada de um grupo de sopros (“pistom”, saxofone e trombone) e com sua batuta na mesa, amplificada por um microfone, regia os dobrados e cânticos religiosos da época.
Professora Eurídice foi grande incentivadora dos trabalhos culturais no Município, e já no final da vida organizou um grupo de dança folclórica da 3ª idade, grupo que era muito requisitado para apresentarem-se nos mais diversos eventos da cidade.

Professora Eurídice na festividade de Santa Maria da Boa Esperança

Seguiu os passos para a manifestação dos Cordões de pássaros, que no caso de Eurídice, era cordão do crustáceo, o Camarão, tido em abundância no Município. Seguindo no mês de abril com a peça teatral “A Paixão de Cristo”, onde findava o ano com As pastorinhas “Filhas de Conceição”. Os pastoris e o Cordão de Camarão participaram por muitos anos do projeto PREAMAR (Projeto criado no ano de 1986, pelo então Secretario de Cultura do estado João de Jesus Paes Loureiro e tinha como objetivo apoiar, valorizar e abrir espaços para exibição dos espetáculos de cultura popular. Desenrolava-se ao longo do ano todo, tendo como época culminante o mês de junho, no CENTUR, que era o centro cultural do Estado e oferecia os mais diferentes espaços cênicos para as apresentações, o projeto permaneceu até o ano de 1990 e desativado com a mudança de Governo - no Teatro Margarida Schiwazzapa (Centur). Todas essas produções eram dirigidas e musicadas por “Tia Eurídice”, carinhosamente chamada por todos.
Segundo Soares: “Dona Eurídice “é a Pérola Negra do Tocantins” como a cognominou João de Jesus Paes Loureiro, quando foi secretário de Estado de Educação no Pará” (p.242).
            Tive o privilegio de interpretar o personagem Boto, por alguns anos. E esse boto era o Boto Tucuxi - existem dois tipos de botos na Amazônia, o rosado e o preto, que também é conhecido como Tucuxi, sendo cada um de diferente espécie com diferentes hábitos e envolvidos em diferentes tradições. Diz-se que o boto preto ou Tucuxi é amigável e ajuda a salvar as pessoas de afogamentos, enquanto que o rosado é perigoso.
 
O BOTO
(Eurídice Marques)
Nas águas do Mar eu boio
Eu boio nas aguas do mar (2x)

Sou boto lê lê
Sou boto lá lá
Sou boto maroto sinhá (2x)

O boto Tucuxi escurinho
Mas é bondoso demais
Protege os viajantes
Não deixa ninguém se afogar
Protege os viajantes
Não deixando ninguém se afogar


 E como já estava crescendo e não podia mais viver o referido boto, pois o Cordão requeria que fosse uma criança que o interpretasse, então fui “promovido” a outro papel, o de Marinheiro Marino, irmão do Marinheiro Matheus (interpretado por Dercy) onde fazíamos um Dueto:


MARINHEIRO
(Eurídice Marques)
Somos filhos de um pobre barqueiro
E criado nas ondas do mar
Nosso berço era a proa de um barco
Navegando de noite a remar (Bis)

Fui crescendo, crescendo e crescendo.
Sempre olhando as ondas do mar
Mas um dia meu bom pai me disse
Vai Matheus a teu irmão ajudar (bis)

Vinte anos eu tenho de idade
Vinte anos nas ondas do mar
Eu me chamo Marinheiro Marino


Durante minha graduação decidi escrever um pouco sobre nossa arte, e nessa oportunidade fiz uma análise de três canções do Cordão do Camarão compostas por Tia Eurídice: O Boto (que fez parte de minha trajetória no cordão), A Iara (que  é uma lenda do folclore brasileiro. Ela é uma linda sereia que vive no rio Amazonas, sua pele é morena, possui cabelos longos, negros e olhos castanhos. A Iara costuma tomar banho nos rios e cantar uma melodia irresistível, desta forma os homens que a vêem não conseguem resistir aos seus desejos e pulam dentro do rio. Ela tem o poder de cegar quem a admira e levar para o fundo do rio qualquer homem com o qual ela desejar se casar. Os índios acreditam tanto no poder da Iara que evitam passar perto dos lagos ao entardecer) e a Mãe D'Água (também referida como “Mãe-d’água”, é uma entidade do folclore brasileiro de uma beleza fascinante. Por ser uma sereia, enfeitiça os homens facilmente por ter a metade superior de seu corpo com formato de uma linda e sedutora mulher. Já a parte inferior do seu corpo em formato de peixe não é muito notada, por estar submersa em água. Assim não há quem resista a sua belíssima face e suas doces canções mágicas).
 .

A IARA
(Eurídice Marques)

Sou a Iara sou de encantar
Canto ao sol e ao luar
Sou a Iara e sou de encantar
Canto ao sol e ao luar

Nas noites claras
Ou escuras bem escuras
Pairo nas ondas com brandura
Como um alarme
De paz e ternura
Faço gelar as criaturas 


MÃE D’AGUA
(Eurídice Marques)

Seja a agua cristalina
Ou barrenta como for
A mãe d’agua e sua menininha
Mostram logo seu valor

Só nas cachoeiras
Elas não podem agir
Pois as pedras lhe encandeiam
E não podem resistir.