segunda-feira, 4 de maio de 2015

A HISTÓRIA DOS FESTIVAIS EM IGARAPÉ-MIRI: Festival do Açaí

                             FESTIVAL DO AÇAÍ

        Igarapé-Miri é hoje considerada a Capital Mundial do Açaí, título esse conseguido por ser o maior exportador de Açaí do mundo, por isso merece uma festa que represente essa  grandiosidade. 
         O Festival do Açaí surgiu no ano de 1989, na ocasião foi criado e idealizado pelo casal Dorival e Conceição Galvão, casal que chefiava no mesmo ano o projeto de escoteiros em Igarapé-Miri, o grupo de escoteiros do mar Sarges Barros. 










Esse projeto foi idealizado pelo casal onde buscaram uma forma de ajudar as crianças e jovens de Igarapé-Miri a ter uma “ocupação”. 
O grupo de escoteiros oferecia diversos aprendizados para a comunidade: na plantação com horta doméstica, na fabricação de vassouras, na produção de placas numeradas para as casas do Município (trabalho esse feito pelos escoteiros) e nas campanhas de vacinação de crianças e animais (já que Dorival era funcionário da antiga Fundação Nacional de Saúde, e solicitava o trabalho dos jovens, para que os mesmos pudessem aprender mais um ofício). Na foto a seguir estou segurando a bandeira do grupo de escoteiros (o último na foto).


           Como o grupo era uma Organização não governamental que não tinha recursos próprios, e se mantinha com doações dos pais dos membros, resolveram criar um evento para que o referido grupo tivesse um recurso financeiro para manter-se. A FESTA DO AÇAÍ, como foi batizada pelo casal. O Festival buscou construir um padrão em sua estrutura, ele foi realizado em praça pública, aberto ao publico, com atrações folclóricas, artistas locais, desfile da Rainha do Açaí, e uma grande atração da Capital, que na oportunidade foi o cantor Nilson Chaves, que apresentava aos mirienses o sucesso “Sabor Açaí”.
               Com muitas dificuldades  para manter o grupo, no ano de 1992 o grupo de escoteiros, teve suas portas fechadas. Dorival e Conceição, ainda tentaram manter a Festa do Açaí nos padrões que acreditaram, mas o enfraquecimento do evento devido o encerramento do projeto de escoteiros, fez com que o casal disponibilizasse a Festa do Açaí para a administração da época- a do prefeito Miguel Pantoja, - que deu continuidade ao projeto, mudando o nome de Festa do Açaí, para Festival do Açaí.
            Outros governos vieram e o festival do Açaí continuou sendo realizado. Durante esses mais de 20 anos de história, a realização do evento foi conturbada. Alguns anos deixaram de realizá-lo, outros anos apenas uma simples “festa” (sem as iguarias feitas de Açaí que foram marcas registradas nos anos anteriores).
               No ano de 2007, no governo da Prefeita Dilza Pantoja, o festival do Açaí, mudou de nome mais uma vez, passando agora ser chamado: “feira de negócios do Açaí”, que buscou outros parceiros para que mostrassem suas produções dentro desse evento.




Já no ano de 2009, o Festival do Açaí na gestão do então Prefeito Roberto Pina, ganhou em sua parte Cultural, a inclusão de um desfile batizado de “O Encontro das Cobras” que conta as lendas de duas cobras encantadas da região - Rosalina, a Cobra do Jatuíra, e Sophia, a Cobra da Ponta Negra.




               Segundo Lobato (1988) são inúmeros os casos de aparecimento de cobra grande no interior do município. Entretanto, os mais vulgarmente comentados aparecem no Jatuíra e na Ponta Negra:

 [...] aconteceu um dia que um rapaz saiu para o Jatuíra em companhia de colegas, para tomar banho. Na diversão do banho, o rapaz subiu e entrou na mata à cata de caju, para fazer uma batida de agua ardente-de-cana que tinha levado. Passado o tempo, reuniram-se os colegas e notaram a falta do rapaz, que até àquela hora não havia chegado ao balneário do encontro. Saíram gritando pelo companheiro e andando por entre as matas. Só obtinham a resposta dos macacos, que guinchavam e pulavam de galho em galho [...]. Alguns mais afoitos olhavam curiosos por entre as folhagens. Os colegas continuavam chamando, as horas passavam rapidamente e nenhum sinal do rapaz. Começava a escurecer, eles calculavam ser dezoito horas e os familiares preocupados rumaram para o Jatuíra. Mas só encontraram a canoa e vestígio de quem rumou para o centro, ficando assim, perplexos com o que viam.
   Então, os colegas, nas matas, ouviam um sibilar forte vindo de determinada direção e olharam para lá. Viram o rapaz andando em círculos como se estivesse preso por uma corda a um tronco de arvore. Foram em sua direção e pegando-o pelo braço, chamaram-no. O rapaz não lhes deu a menor importância e forcejava para se ver livre dos companheiros que o segurava, e puxavam do local, para eles assombrado. Um deles já cansado viu não muito longe a roupa do amigo jogada ao chão e bem próximo a eles um vulto que foi tomando a forma assegurada de uma enorme cobra, a autora dos silvos que ouviam constantemente. Gritou com todas as forças de seus pulmões. Os companheiros largaram o rapaz e se voltaram para o local onde ele gritava e apontava para o grande ofídio. Todos paralisados pelo terror. Finalmente vencendo o medo, arrastaram o rapaz pelo braço e correram em direção à margem do Jatuíra, que ficava não muito longe, deixando para trás a cobra grande (LOBATO, 1988, p. 26-27).

Cobra do jatuíra 2009
                   Outra lenda que povoa o imaginário local é a lenda da Boiúna da Ponta Negra:

[...] determinada noite, quando a lancha Santana viajava para a sede do Município, com diversas pessoas que acompanhavam o cadáver de uma mulher do rio Maiauatá, e passava próximo a Ponta Negra, o piloto viu o luar refletir-se na água, mostrando claramente que não existia qualquer sinal que comprovasse a existência de entulho no rio. De repente, avistou um volume com as características de um grande rolo de madeira ou miritizeiro flutuando em frente à embarcação.
O piloto muito ágil procurou desviar a lancha. Entretanto, o volume acompanhou e o piloto deu o sinal de campa ao maquinista, solicitando maior força e atenção, o que foi atendido. Então reconheceram ser uma cobra grande, que acompanhou a lancha até ultrapassar cerca de dois estirões deixando grande volume d’agua que parecia uma pororoca. Os acompanhantes ficaram apavorados e quase a lancha vai ao fundo. (LOBATO, 1988. p. 25).

Cobra da Ponta Negra 2009









Um comentário:

  1. Faço uma pesquisa sobre o escotismo paraense, gostaria do contato de vcs pra conversarmos um pouco sobre o grupo escoteiro

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